Next-Gen Proteins: O Futuro das Proteínas Alternativas e Funcionais

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Nos últimos anos, as dietas que enfatizam alimentos de origem animal como carnes, ovos e laticínios (enquanto excluem a maioria dos alimentos de origem vegetal), têm dominado as mídias sociais. Essas dietas são caracterizadas por alto consumo de gorduras saturadas, ausência de fibras e baixa presença de fito nutrientes e, embora seus defensores aleguem benefícios como perda de peso e aumento de energia, os especialistas em saúde expressam preocupação sobre seus potenciais efeitos a mais longo prazo. Dietas similares já foram associadas ao aumento do colesterol LDL e a outros riscos cardiovasculares.

O Crescimento do Mercado de Proteínas Alternativas: Opções Mais Balanceadas

A crescente conscientização sobre a saúde e o impacto ambiental das escolhas alimentares está transformando o comportamento do consumidor. A indústria, impulsionada pelas mudanças nos hábitos desse consumidor e por suas preocupações crescentes com a saúde e a sustentabilidade, vêm se adaptando gradualmente a esse novo cenário.

Enquanto o vegetarianismo e o veganismo continuam a crescer, é o movimento flexitariano que realmente está impulsionando a demanda por proteínas alternativas. Enquanto 64% dos consumidores brasileiros têm interesse em nutrição à base de vegetais (ONG Mercy For Animals, 2021), 28% dos brasileiros já se identificam como flexitarianos (The Good Food Institute Brasil, 2022). Este grupo busca conveniência sem abrir mão de sabor e textura, demandando experiências inovadoras e agradáveis em suas dietas diárias.
Diante disso, as “Next-Gen Proteins” estão ganhando destaque como soluções inovadoras que atendem às demandas de um público cada vez mais diversificado e exigente, proporcionando alimentos mais equilibrados e alinhados com as tendências de consumo. Mas o que são essas proteínas de nova geração, e como elas estão moldando o futuro da indústria de alimentos?

Fontes de Proteínas Alternativas: Um Novo Caminho

O mercado de proteínas vegetais vem passando por uma transformação silenciosa nos últimos anos, com novas fontes sendo acrescentadas às já mais tradicionais. Além da soja, outras fontes de proteínas vegetais, como as de cereais como o arroz e leguminosas como a fava, têm se destacado recentemente, oferecendo soluções únicas e vantajosas para a indústria alimentícia.

A proteína do arroz, hipoalergênica e de alta digestibilidade, é ideal para pessoas com alergias ou sensibilidades alimentares. Seu sabor neutro e textura suave tornam-na versátil em aplicações como barras de proteína, misturas para refeições e produtos sem glúten. Derivada do trigo, a proteína desse cereal (glúten) oferece propriedades viscoelásticas específicas. É amplamente utilizada em produtos de panificação, massas, empanados e em substitutos de carne. Sua funcionalidade e capacidade de ligação a tornam uma escolha valiosa para diversas aplicações.

A proteína da fava, rica em aminoácidos e com cultivo sustentável, é uma escolha alinhada às preocupações ambientais. Além de atender à crescente demanda por ingredientes limpos e sustentáveis, a fava pode oferecer vantagens em relação à soja e à ervilha, como sabor mais neutro e melhor digestibilidade e aceitação pelo consumidor. Sua versatilidade permite o uso em substitutos de carne, alternativas a lácteos, snacks e muito mais. Além disso, a fava está em ascensão nos lançamentos de produtos alimentícios globais.

Produtores globais de ingredientes de base vegetal estão liderando o desenvolvimento dessas soluções funcionais que melhoram textura, sabor e valor nutricional de produtos à base de plantas, e investindo em infraestrutura e expansão, com a construção de fábricas dedicadas ao processamento e produção dessas proteínas.

A Nutrição das Proteínas Plant-Based: Um Desafio?

Do ponto de vista nutricional, um dos principais questionamentos é como as proteínas a base de plantas se comparam às proteínas de origem animal, e quais estratégias podem ser adotadas para melhorar seu perfil de aminoácidos e sua funcionalidade na dieta.

É bem sabido que as proteínas são amplamente reconhecidas por seu papel de fornecer aminoácidos essenciais – os “blocos de construção” necessários para a síntese proteica no corpo humano. No entanto, ao contrário das proteínas animais, muitas fontes vegetais não são consideradas “proteínas completas”, pois possuem baixos níveis de um ou mais aminoácidos essenciais. Essa variabilidade, porém, não é uma limitação insuperável. A combinação de diferentes fontes de proteínas vegetais pode complementar perfis de aminoácidos, oferecendo um valor nutricional equivalente ao das proteínas animais.

Um exemplo clássico em nossa dieta tradicional é a combinação do arroz com feijão que fornece um perfil proteico completo de forma simples e acessível. Nas aplicações industriais, uma abordagem eficaz para maximizar a qualidade nutricional e os benefícios das proteínas vegetais é combinar diferentes fontes em uma única formulação. A combinação entre a proteína de um cereal e de uma leguminosa, assim como do arroz e do feijão, é o grande segredo. Algumas combinações amplamente utilizadas incluem arroz + leguminosa (fava, ervilha, grão-de-bico, soja).

A combinação de proteínas de arroz e de fava tem um perfil de aminoácidos complementares muito equilibrado, proporcionando uma proteína de qualidade potencialmente melhor comparada com o arroz combinado com outras fontes proteicas. Muitos fornecedores de proteínas vegetais sabem as exatas proporções para uma combinação adequada, e frequentemente apoiam tecnicamente os produtores finais para que possam entregar um produto nutricionalmente superior. Desta forma, as combinações melhoram o perfil geral de aminoácidos entregues no produto final, tornando-as ideais para aplicações diversas, inclusive em substitutos de carne.

Saúde Humana e do Planeta em Foco

As proteínas vegetais, rainhas da alimentação à base de plantas, possuem inúmeros benefícios associados à saúde, particularmente quando comparadas a algumas fontes animais. Essas dietas estão associadas à redução do risco de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer. Além disso, o uso de proteínas vegetais em uma dieta equilibrada pode favorecer a saciedade e, consequentemente, ajudar no controle do peso corporal. Fibras alimentares são frequentemente combinadas com proteínas vegetais, e também contribuem para a sensação de plenitude e para um metabolismo saudável. As proteínas vegetais, especialmente se combinadas com fibras e compostos bioativos, favorecem a saúde intestinal, além de contribuir para um menor impacto ambiental, como a redução da emissão de gases de efeito estufa e o uso mais eficiente de recursos naturais.

Tendências para o Futuro

Os esforços produtivos estão focados em oferecer ingredientes que melhorem as propriedades sensoriais e nutricionais de produtos à base de plantas, ajudando os consumidores a incorporar mais opções vegetais em suas dietas.
Além das fontes tradicionais de proteína vegetal, como a soja, proteínas emergentes, como a fava, estão se destacando por oferecer benefícios únicos. Essas “Next-Gen Proteins” estão transformando o mercado, oferecendo soluções não apenas para consumidores veganos, mas também para aqueles que buscam diversificar suas fontes de proteína sem comprometer o sabor e a experiência sensorial. Ao focar em sustentabilidade, inovação e qualidade, a indústria de alimentos está progressivamente trilhando o caminho para um futuro mais saudável e consciente.

 

Quer saber mais?

EscolhaVeg_Report_MercyForAnimals, 2022 / EscolhaVeg_Pesquisa, 2023
A Ciência das Proteínas Vegetais (plant-based) – GFI Brasil
The public health rationale for promoting plant protein as an important part of a sustainable and healthy diet
Plant proteins as high-quality nutritional source for human diet
Health benefits of cereal grain-and pulse-derived proteins
Plant proteins: assessing their nutritional quality and effects on health and physical function
Towards a sustainable food system by design using faba bean protein as an example
Una planta de procesamiento de legumbres | BENEO
Sobre a autora: Renata Cassar é Gerente de Comunicação Nutricional para a América Latina na BENEO. Com Bacharelado e Mestrado em Nutrição, além de um MBA, além de uma longa trajetória profissional em empresas B2C e B2B, ela atua como ponte entre a ciência nutricional e os usuários finais, promovendo o entendimento sobre os benefícios dos ingredientes funcionais da BENEO.

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